sexta-feira, janeiro 21

Jantar em Madrid

Num jantar em Espanha fiquei sentada à direita de uma catalão. Esse catalão - que, diga-se, não me conhecia de parte nenhuma - entendeu que a melhor maneira de ficar meu amigo era perguntar: "Porque é que os portugueses têm um sentimento de inferioridade em relação a Espanha?".
Era lá essa a maneira de começar uma conversa com alguém sobre quem não se sabe nada! Onde estão as já célebres "De onde vem?", "O que faz na vida?", "Tem filhos, cães, cavalos amestrados ou lulas gigantes?". Não. O catalão tinha de começar a conversa com uma clara provocação.
Sorri. De seguida expliquei-lhe que os portugueses não tinham qualquer sentimento de inferioridade em relação aos espanhóis.
Não entendeu e pespegou-me uma conversa de 30 minutos sobre todas as razões do mundo que convergem para o sentimento óbvio dos portugueses terem de se sentir inferiores aos espanhóis.
Voltei a sorrir. Virei-me para o meu lado direito e continuei a conversa com uma madrilena.
Mas o catalão estava decidido a tirar-me do sério. E, assim, continuou a descrever as inúmeras qualidades do povo espanhol. Depois de mais meia hora, sempre sem o interromper (que eu não sou dessas!) fiz-lhe uma simples pergunta:
"Mas existe um povo espanhol? É que sempre pensei que existisse um povo catalão, um povo galego, um povo basco, etc..."

Escusado será dizer que tive de mudar de mesa.

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